Metade (49%) dos gaúchos está encerrando o ano com uma grande preocupação: as contas atrasadas. No mesmo período do ano passado, 44% dos entrevistados disseram estar inadimplentes - um crescimento de 11%. Os resultados foram apontados pela pesquisa dos Cartórios de Protesto do Rio Grande do Sul. O levantamento foi realizado entre os dias 3 e 22 de novembro de 2022 e ouviu 700 pessoas, em todas as sete mesorregiões do Estado.
O comprometimento do orçamento dos gaúchos também é um dos destaques do estudo: 55% dos inadimplentes disseram já ter acumulado dívidas anteriores, mas nunca com valores tão altos quanto os atuais. Já 37% informaram que é a primeira vez que estão inadimplentes.
O cartão de crédito continua sendo o principal vilão (30%) e foi a dívida mais mencionada entre os entrevistados. Apesar disso, sofreu uma redução, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foi citado por 35% dos participantes da pesquisa. “Em compensação, o empréstimo em bancos e financeiras cresceu, passando de 11% para 16%, no último ano. A elevação das taxas de juros pode ser uma das explicações para o aumento das dívidas nessa modalidade”, explica Romário Mezzari, presidente do Instituto de Estudos que representa os Cartórios de Protesto do Estado.
Para 25% dos inadimplentes, os valores das dívidas estão entre R$1.500,00 e R$2.500,00. Segundo o estudo, 97% dos entrevistados aceitariam negociar com os credores e 89% pagariam as contas em atraso se fossem intimados pelos Cartórios de Protesto.
O aumento nos preços dos produtos é citado como a principal causa do endividamento seguido do consumo excessivo e da perda de emprego.
Entre os gaúchos que vão fechar 2022 no azul, o planejamento financeiro foi a principal tática para evitar dívidas. 58% dos entrevistados cortaram gastos e 23% tinham uma reserva de emergência. Outros 16% não tiveram impactos no orçamento e, por isso, acreditam que as contas permaneceram em dia.
6 em cada 10 gaúchos diminuíram os gastos em 2022. O setor de serviços foi o mais impactado nos cortes:
A pesquisa apontou, também, que 62% dos entrevistados não têm uma reserva financeira. “Estar preparado para imprevistos é a melhor forma de evitar dívidas, por isso, a importância de guardar um dinheiro para emergências”, alerta Mezzari.
Para 44% dos entrevistados a sua vida financeira está sendo afetada pelo cenário econômico do país, sendo que, desses, 24% consideram que a sua situação está “muito afetada”. 15% dos participantes do estudo disseram que perderam o emprego em 2022. Os empreendedores, autônomos e informais ainda sentem o impacto da pandemia e 43% estão com uma renda inferior a que tinham em 2019.
O maior medo dos gaúchos, neste momento, é perder o emprego e ficar sem renda, citado por 40% dos entrevistados, seguido de acumular dívidas (21%).
O aumento do preço dos alimentos é o que mais pesou no orçamento dos gaúchos neste ano: 58% dos entrevistados responderam esta opção. Seguido do preço dos combustíveis (23%). O preço do aluguel e da energia elétrica ficaram empatados, ambos com 7%.
O foco para o último mês de 2022 é economizar. Entre os entrevistados que pretendem apertar o cinto no fim de ano, 39% farão ceias de Natal e Ano Novo menores e mais simples. 15% não vão comprar presentes para amigos e familiares e 12% não vão viajar nas últimas semanas de dezembro.
Indagados sobre o que fariam com o dinheiro extra de final de ano, 34% dos gaúchos responderam que irão “pagar as dívidas”, empatados com a opção “guardar para emergências”, também com 34%. 17% responderam “reformar a casa” e 4% “pagar IPVA, IPTU e gastos de início de ano”.
“Para quem está com dívidas, a prioridade deve ser acertar as contas em atraso. Outra dica, é utilizar o 13º salário para pagar, com antecipação e descontos, impostos como IPVA e IPTU”, aconselha Mezzari.
Com a proximidade do fim de ano, as pessoas já começam a listar os seus desejos para 2023. Quase um terço dos gaúchos sonha com um aumento de salário ou uma promoção nos próximos meses. 15% estão focados em arrumar um emprego e outros 15% pretendem poupar e investir no ano que virá.
Para o cenário econômico de 2023, o clima, entre os gaúchos, é de otimismo. 59% dos entrevistadores disseram que a economia do Brasil vai melhorar no próximo ano em comparação com 2022. Para 21% vai piorar e para 20% vai permanecer igual.