Metade dos gaúchos não conseguiu arcar com os vencimentos dentro do prazo e está com contas em atraso. O dado faz parte da pesquisa econômica realizada pelos Cartórios de Protesto do Rio Grande do Sul, que ouviu 700 pessoas, de todas as macrorregiões do Estado, durante o mês de novembro.
Desses, 35% acumularam dívidas pela primeira vez. O cartão de crédito lidera o ranking da inadimplência.
47% dos gaúchos têm pelo menos dois cartões de crédito. Desses, 21% têm três ou mais. 63% dos respondentes revelaram que pretendem parcelar compras no próximo mês. “Evitar ter muitos cartões de crédito e compras parceladas, além de definir um limite pessoal de gastos, são as principais dicas para evitar dívidas”, aponta o presidente do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil – seção RS (IEPTB/RS), que representa os 300 Cartórios de Protesto do Estado, Romário Mezzari.
Entre as dívidas em atraso, metade tem valor entre R$2.000,00 e R$4.000,00. Os principais motivos apontados para a inadimplência foram o aumento no preço dos produtos (33%), perda de emprego e/ou renda (23%) e consumo excessivo (19%).
Já entre os que não tem dívidas, o corte de gastos foi o principal fator (45%) para evitar o comprometimento do orçamento.
Apenas três anos após a sua criação, o pix é o principal meio de pagamento, utilizado por 4 em cada 10 gaúchos. O cartão de crédito representa a preferência de quase um terço dos entrevistados, seguido por dinheiro (24%) e cartão de débito (11%). “O pix é um facilitador nas transações comerciais e isso mostra quanto os gaúchos estão abertos ao uso das tecnologias no cotidiano financeiro, constata Mezzari.
7 em cada 10 gaúchos não têm reserva de emergência e 77% não mantêm nenhum tipo de investimento. Dentre os que investem, 44% deixam o dinheiro na poupança. “A reserva de emergência é fundamental para arcar com gastos inesperados e evitar dívidas, como perda de emprego, reformas em casa, carro que foi para o mecânico e até mesmo gastos com saúde”, explica Mezzari.
6 em cada 10 gaúchos cortaram gastos em 2023. Para isso, foi necessário mudar alguns hábitos como, por exemplo, diminuir programas de lazer (idas a restaurantes, bares e cinemas), reduzir a compra de itens supérfluos no supermercado e fazer menos pedidos de delivery.
O preço dos alimentos (63%) foi o que mais impactou o orçamento dos gaúchos neste ano – um aumento de 10% em comparação com 2022.
Quase um terço tem medo de perder o emprego ou ficar sem renda e 24% de não ter poder aquisitivo para comprar itens essenciais.
4 em cada 10 gaúchos vão utilizar o 13º salário para pagar dívidas, um crescimento de 12% em comparação com o mesmo período do ano passado. 21% dos respondentes pretendem guardar para emergências – apesar de ocupar a segunda colocação no ranking de prioridades, houve uma queda de 38% em comparação com 2022.
“Chama a atenção positivamente a escolha em utilizar o 13º salário para pagar dívidas e guardar para emergências. São decisões coerentes para começar o próximo ano com o orçamento equilibrado. Aproveitar o salário extra para pagar impostos e gastos de início de ano com desconto é outra ótima decisão”, ressalta Mezzari.
Os gaúchos apertaram os cintos e devem reduzir gastos nesse final de ano. Para 45% dos entrevistados, as ceias de final de ano serão mais simples e menores.
53% dos respondentes estão otimistas e acreditam que a economia brasileira vai melhorar em 2024, em comparação com 2023. Dentre os desejos para o próximo ano estão: receber aumento de salário ou ser promovido (29%), ampliar o negócio (13%) e conseguir um emprego (12%).
A pesquisa foi realizada entre os dias 6 e 22 de novembro em todas as macrorregiões do Rio Grande do Sul. 700 pessoas foram entrevistadas pessoalmente.