A pesquisa econômica, realizada pelos Cartórios de Protesto do Rio Grande do Sul, mostra um
raio-x financeiro dos moradores da Capital e revela o impacto econômico das enchentes na
vida dos porto-alegrenses. Os resultados mostram que 44% dos entrevistados deixaram de pagar
alguma conta no 1º semestre de 2024. Desses, um terço afirmou que os alagamentos motivaram a
inadimplência. Outros 14% apontaram um gasto inesperado como causa para o descontrole
financeiro.
4 em casa 10 entrevistados afirmaram que é a primeira vez que acumulam dívidas. O cartão de
crédito, novamente, lidera o ranking de inadimplência (41%), seguido pelo aluguel (17%).
De acordo com os dados coletados, 17% dos entrevistados relataram terem sido muito afetados
pela crise em decorrência da enchente, enquanto 16% se sentiram afetados. 21% dos
entrevistados informaram que perderam bens materiais durante a enchente.
Comparando a situação financeira atual com o mesmo período do ano passado, os resultados
indicam que 29% dos entrevistados sentiram uma piora significativa, enquanto 39% relataram
estabilidade e 32% afirmaram estar em uma situação melhor.
A pesquisa também revelou que 73% dos entrevistados não possuem uma reserva financeira para
emergências, destacando uma preocupação significativa com a falta de preparação para crises
financeiras inesperadas. O número de porto-alegrenses que não tem uma reserva de emergência
subiu 22%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Para o presidente do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil – seção RS
(IEPTB/RS), que representa os Cartórios de Protesto do estado, Romário Mezzari, a situação
de endividamento reflete um cenário preocupante. “Muitos não tinham qualquer reserva de
emergência e, após às enchentes, precisaram recorrer a empréstimos bancários, financiamentos
ou cartões de crédito para cobrir as despesas, comprometendo ainda mais o orçamento”,
ressalta.
Sobre os hábitos de consumo, a pesquisa revelou que 54% dos entrevistados reduziram seus gastos em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os principais cortes ocorreram no setor de serviços e nas compras de itens supérfluos.
Entre os que estão utilizando alternativas para economizar, 26% estão buscando promoções, 22% evitando compras por impulso, e 11% trocando marcas de produtos por similares mais em conta.
O preço dos alimentos é o que mais está pesando no bolso dos porto-alegrenses, segundo 56% dos entrevistados, seguido de combustíveis (20%) e energia elétrica (12%). Já entre as preocupações futuras, o maior medo é de perder o emprego e ficar sem renda (43%). Esse número cresceu 30%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A pesquisa foi realizada entre os dias 10 e 13 de junho em Porto Alegre, presencialmente, e ouviu 400 pessoas.
Os 300 Cartórios de Protesto do Estado são representados pelo Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil – seção RS (IEPTB/RS), entidade de classe sem fins lucrativos que visa promover estudos, debates, pesquisas e representar os interesses relacionados ao Protesto.